Reitor Gay

Somos gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais. Estamos em todos os lugares. Acostumem-se.

Atualizada em 29/01/15 10:19.

"O Ser-Tão, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade, vem a público manifestar-se a  respeito do recente episódio de pichação da frase "Reitor Gay" no prédio da Reitoria da UFG.

Em primeiro lugar, é preciso lembrar que a palavra "gay" é uma categoria identitária política legítima, relacionada ao histórico movimento social de luta pela visibilidade positiva e pelos direitos civis, humanos e sexuais de lésbicas, travestis, transexuais, bissexuais e gays. Em segundo lugar, precisamos nos perguntar como, quando, por parte de quem e com quais propósitos ela continua, entretanto, sendo usada como uma ofensa. É por vivermos em um contexto social homofóbico, transfóbico, travestifóbico, lesbofóbico, sexista, heterossexista e cissexista que essa palavra pôde ser usada, na pichação bem como em tantos outros contextos, como insulto. Reproduzi-la como injúria é colaborar para a manutenção da discriminação e do preconceito, o que é inadmissível e deve ser repudiado veementemente. Inclusive na UFG. Somos gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais. Estamos em todos os lugares. Acostumem-se.

 

Ser-Tão, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade.

 

 

 

Reproduzimos abaixo o texto "Reitor Gay", escrito por Dijaci David de Oliveira e notas disponibilizadas por outros núcleos de pesquisa da UFG acerca do episódio:

 

Núcleo de Estudos da Violência e da Criminalidade (NECRIVI/ UFG) Disponível em: http://blogdodijaci.blogspot.com.br/2014/05/nota-de-repudio-pratica-de-homofobia-no.html

 

NOTA DE REPÚDIO À PRÁTICA DE HOMOFOBIA NO CAMPUS DA UFG

 

Nós, do Núcleo de Estudos da Violência e da Criminalidade (NECRIVI/ UFG), da Universidade Federal de Goiás (UFG), vimos a público externar nosso total repúdio à mensagem “Reitor Gay”, inscrita na fachada do prédio da Reitoria. Embora a palavra gay refira-se contemporaneamente a uma categoria identitária e política absolutamente legítima, remetendo à noção de orgulho e visibilidade positiva em torno da homossexualidade capitaneada em parte pelos movimentos sociais, nesse contexto foi utilizada de maneira claramente homofóbica, preconceituosa, acusatória e tentativamente difamatória.

Ressaltamos que consideramos justas as manifestações dos variados grupos da comunidade acadêmica na busca de seus direitos. Contudo, defendemos que tais atos pressupõem necessariamente a valorização da cidadania plena, o respeito às diferenças e da promoção dos direitos humanos, reprodutivos e sexuais.

Conclamamos ainda que a comunidade acadêmica tome a iniciativa de promover, ostensivamente, a discussão sobre as diversas práticas preconceituosas dentro da Universidade. Estamos certos e certas de que esse é um passo fundamental para a construção de uma sociedade justa e democrática.

Goiânia, 13 de maio de 2014

 

Núcleo de Estudos da Violência e da Criminalidade (NECRIVI/ UFG)

 

 

Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Direitos Humanos da UFG (NDH)
Disponível em: http://www.ndh.ufg.br/pages/69594-nota-publica-a-comunidade-universitaria-ufg

 

NOTA À COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA DA UFG

Com tristeza e senso de responsabilidade, o Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Direitos Humanos da UFG (NDH) manifesta, por meio desta nota pública, repúdio ao ato que configura violência simbólica e crime de homofobia cometido neste final de semana por manifestantes que ocuparam a Reitoria para reivindicar pagamento de bolsas atrasadas, dentre outras demandas.

O NDH considera legítima a organização de lutas por direitos e demandas sociais, bem como de manifestações políticas. Porém, não confere legitimidade à pichação de cunho homofóbico no centro da fachada do prédio da Reitoria. Coloca em questão, não só a necessidade de se responsabilizar o crime em que se constitui, mas também questiona a legitimidade política de lideranças homofóbicas, sexistas e violentas de serem reconhecidas institucionalmente como porta-vozes dos direitos tão justamente demandados, uma vez que incitam a violência e ferem a dignidade das pessoas (estudantes, docentes, servidores técnico administrativos) que convivem nos espaços da UFG.

É lamentável que membros de qualquer grupo lancem mão desse tipo de expediente violento com a convicção de que esta seria uma forma de atuação política. Ao contrário, tais atos não diferem, ideologicamente, daquelas ações de "justiceiros" que realizam linchamentos de jovens negros e pobres como forma de reagir ao problema da segurança pública. Não diferem, também, da natureza de outros crimes que vêm ocorrendo em diferentes espaços da universidade como violências sexuais contra mulheres, crimes de racismo e violências de classe.

Desta maneira, além de manifestar seu repúdio, o NDH, se mantém firme na luta pela criação de um organismo interno da UFG capaz de elaborar e realizar ações eficazes no combate às diferentes formas de violência sustentada pela ideologia machista, sexista e heteronormativa.

 

 

Goiânia, 13 de maio de 2014

 

Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Direitos Humanos/NDH/PRPI/UFG

 

 

Reitor Gay

 

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