28 de junho: “Eles não podem tirar o seu orgulho”.
Nota do Ser-Tão sobre o Dia Internacional do Orgulho LGBT.
28 de junho: “Eles não podem tirar o seu orgulho”.
Esse trecho da canção Pride (In the Name of Love), da banda U2, marca o tom de nossa celebração de mais um 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBT, que nos remete a uma noite de 1969, quando os/as frequentadoras/es do bar Stonewall Inn, em Nova Iorque, reagiram a mais uma das inúmeras e abusivas batidas policiais. Os confrontos, conhecidos como A Revolta de Stonewall, duraram seis dias.
De lá para cá, em termos de direitos civis da população LGBT no planeta, muitas já foram as conquistas, mas ainda há muito a fazer. O Brasil continua a ser um dos países onde a LGBTfobia é naturalizada e cotidiana. Somos o país onde mais se mata travestis, transexuais e homens gays, ainda que transexualidade e homossexualidade não sejam crimes desde 1823.
Não se pode também esquecer que, a despeito de diversas iniciativas governamentais, ainda há uma enorme dificuldade em se implementar políticas públicas para a população LGBT, em todas as áreas: educação, saúde, trabalho, segurança, cultura. E essas dificuldades complexificam-se quando as desigualdades sexuais e de gênero são pensadas interseccionadamente com as relacionadas à raça/cor, etnicidade, classe social, escolaridade, capacidade física e intelectual, origem geográfica, entre outras.
Por outro lado, o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo foi legalizado no Brasil em 2011, a partir de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Hoje já são 22 os países onde o casamento civil, conhecido como casamento igualitário, é possível a todas as pessoas, sendo os EUA o país mais recente a integrar esse seleto grupo, também por meio de decisão da Suprema Corte, que teve enorme repercussão midiática e nas redes sociais brasileiras. Mas ainda é um número bem pequeno, considerando-se que na imensa maioria dos países o casamento continua sendo privilégio heterossexual, para não dizer das dezenas de países em que homossexualidade e/ou transexualidade ainda são crimes, em alguns casos extremos punidos com pena de morte.
Os desafios para a plena cidadania e felicidade de pessoas LGBT, assim, continuam inúmeros e certamente não serão alcançados apenas por meio do reconhecimento legal de direitos civis, sendo imprescindível, também, transformações profundas na esfera dos valores e da cultura, com vistas ao pleno respeito a todas as identidades de gênero e orientações sexuais. Seguramente, isso só ocorrerá com a garantia da laicidade do Estado e a consolidação do entendimento de que grupos religiosos não têm o direito de impor suas crenças e valores para o conjunto da sociedade.
Entre as significativas conquistas e os enormes desafios, seguimos em frente. Ninguém pode tirar o nosso orgulho. É tempo de celebrar!
Ser-Tão/UFG
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Aproveitamos para lembrar da Edição Especial do Prazeres Entre Ser-Tões, no dia 30 de junho de 2015, próxima terça-feira, às 19 h, no Miniauditório da Faculdade de Educação da UFG (Campus I, próximo à Praça Universitária). Será uma roda de conversa, com o tema “Educação Laicidade e Justiça: falácias da críticas religiosas à igualdade sexual e de gênero”. Mais informações aqui.